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Após a eleição, o Brasil pode mudar?

Alderon Costa

Atualizado: 22 de jan.


Na segunda-feira, dia 1 de novembro de 2010, logo após a eleição da nova Presidente da República, Dilma Rousseff, o jornal O Trecheiro flagrou mais uma ação da “Limpeza Urbana” da Subprefeitura da Mooca, acompanhada pela Guarda Civil Metropolitana. A ação consistia em destruir as casas improvisadas das pessoas em situação de rua e recolher todos os objetos que estivessem no espaço. A ordem era limpar calçadas e baixos dos viadutos. O trabalho dos funcionários da limpeza foi eficiente. Não ficou nada em pé. “Essa ação é uma patifaria. É todo dia! Hoje eles não levaram tudo porque vocês estão aqui”, desabafou Claudinei Adalberto Pereira que mora no início da Rua Presidente Wilson, próximo ao Viaduto Alcântara Machado.

 

Izilda Pereira subiu, de repente, no caminhão, jogou seu colchão abaixo e não permitiu que eles o levassem. “Eles acham que nós vivemos na rua porque queremos. Nós somos obrigados a morar aqui e a solução seria a Prefeitura nos dar um espaço para morar e trabalhar”, declarou ela.


W. S. Machado, 28 anos, está morando na rua por causa de drogas, recebe pensão por invalidez, mas encaminha todo o dinheiro para esposa e filhos. “Já tentei fazer um tratamento, mas a droga é uma doença e não tenho mais o que fazer”, declarou Machado. Para ele essas ações são abusivas e subumanas. “Mesmo usando uma calçada, a gente tem o nosso direito de, no mínimo, um lar”, completou.


Segundo Machado, o albergue não é a solução porque tem companheira e lá não tem lugar para os dois. Além disso, a Prefeitura “deveria ter um espaço com possibilidades de trabalho e moradia”, reivindica Machado.

Gilberto Alves dos Santos estava nervoso com a situação por causa de sua esposa Luciana Henrique Moraes, que está grávida de oito meses e estava passando mal por causa da situação. Seu barraco foi destruído e ela ficou deitada em cima dos seus pertences.


A pedido da reportagem, a GCM solicitou uma ambulância que chegou imediatamente e a levou para o hospital. Para Moraes, o governo só faz mandar o rapa na rua pegar tudo e não se preocupa em atender as verdadeiras necessidades dessas pessoas. “Será que nenhum deles sabe que a gente tem profissão? Não querem entender o que a gente precisa, o que a gente necessita? Nós precisamos de um documento, de moradia e não de albergue”, declarou Moraes.


A reivindicação deles é de serem ouvidos e atendidos em suas necessidades. “Até hoje nós necessitamos de uma assistente social que pudesse chegar aqui e entender, ouvir, praticar e resolver os nossos problemas”, concluiu Moraes.



As pessoas ficavam por cima dos seus pertences para impedir que a equipe de limpeza as levasse. Após a retirada dessa equipe e GCM, começa todo o trabalho de reconstrução. Não demorou muito e o espaço de cozinhar e de dormir já estava pronto. Começou tudo de novo! “Dentro de um ou dois dias, a Prefeitura vai voltar e fazer toda a limpeza”, lembrou Izilda.


Assim, já são mais de três anos que elas estão naquela rua. O pior é que isso acontece em toda a cidade. O lixo é levado e as pessoas são deixadas ao léu, ou melhor, ao céu, ao Deus-Dará!



Edição N° 192 - Novembro de 2010

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