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Catadores de São Paulo lutam para avançar a organização na cidade

Davi Amorim - Setor de comunicação MNCR

Catadores de materiais recicláveis se reuniram no final do mês de fevereiro para bater panelas em frente ao prédio da Secretaria Municipal de Verde e Meio Ambiente de São Paulo. A manifestação buscava a reintegração de um funcionário público removido da função de apoio à ampliação do sistema de coleta seletiva com inclusão dos catadores. Depois de muito barulho, os catadores foram recebidos pela secretária adjunto Leda Maria Aschermann, mas saíram sem resultados concretos.

Mesmo com a aprovação e sanção no mês de dezembro da Política Nacional de Resíduos Sólidos que é favorável à inclusão econômica dos catadores no plano federal, as condições de trabalho dos catadores na cidade de São Paulo continuam péssimas.

A Prefeitura tem em sua conta bancária recursos da União no valor de seis milhões para construção de 10 novos galpões, tem contra si uma decisão judicial obrigando ampliar o sistema de coleta seletiva, além da pressão da sociedade que busca cada vez mais a forma correta de destinar do lixo. Mesmo com tudo isso, a administração municipal parece não ter interesse na criação de trabalho e renda para o povo pobre e marginalizado. O trabalho de catação ainda é realizado informalmente e em condições desumanas nas ruas da cidade.

Desde a criação do programa municipal de coleta seletiva na gestão Luiza Erundina, o programa não foi ampliado nas administrações recentes. O interesse de Kassab é privatizar esse setor da reciclagem e torná-lo rentável para as grandes empresas. Inclusive os grandes conglomerados europeus já se movimentam para disputar o setor e utilizar a nova legislação aprovada para um novo nicho de mercado.

Outra nova moda travestida de tecnologia é a incineração do lixo que é vendida em toda a America Latina por empresas estrangeiras que prometem resolver definitivamente o problema do lixo e, ainda, gerar energia elétrica queimando o material reciclável. Na Europa, dezenas de entidades lutam há muitos anos contra os incineradores que já começam a ser proibidos em alguns países, motivo pelo qual essas empresas têm investido em lobby sobre as prefeituras brasileiras para vender seus equipamentos. Não passam de sucata ultrapassada.

Os catadores de materiais recicláveis sabem muito bem o que significa a queima do lixo e a competição das grandes empresas sobre a gestão da coleta seletiva. Significa mais fome, miséria e exclusão social para milhares de famílias que trabalham com a catação de materiais recicláveis.

É urgente apoiar o trabalho dos catadores e lutar por um sistema de coleta seletiva solidária que faça inclusão social concreta e permita a limpeza de nosso meio ambiente.



Edição N° 195 - Março de 2011

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