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Escondidos para não morrer

Alderon Costa

Depois de 31 mortes de pessoas em situação de rua na cidade de Maceió e uma em Arapiraca, interior Alagoas em 2010, o prefeito da capital do Estado criou comitê para acompanhar e propor políticas públicas integradas para a população em situação de rua da cidade.

A situação dos assassinatos em Maceió começou a se agravar a partir de julho, quando já se contava com 18 mortes, todas elas, de pessoas em situação de rua. Para a OAB local, era uma indicação clara de extermínio das pessoas que moram nas ruas de Maceió. Após essa denúncia tudo continuou na mesma, lembra o Secretário dos Direitos Humanos de Maceió, Pedro Montenegro.

Até que no dia 26 de outubro, em uma das avenidas mais movimentadas do bairro da Ponta Verde, região que tem o mais caro metro quadrado da capital, José Sérgio dos Santos, de 32 anos, conhecido como “Cotó”, foi assassinado. Cinco dias depois, em 31 de outubro, o flanelinha Wanderson Bezerra Félix, o “Timbalada”, também foi morto violentamente. As duas vítimas foram assassinadas a tiros de pistola, calibre 38.

Com estas duas mortes, as denúncias vieram a público apontando a quantidade de outras ocorridas desde o início do ano e, principalmente, de pessoas em situação de rua, explica Dr. Ivair Alves dos Santos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), designado para acompanhar as investigações. Ele lembra que desses casos, apenas dois tinham tido relatório de “corpo de delito”, numa demonstração clara da incapacidade de solucionar os crimes.

Para ajudar nos trabalhos de investigação, o Ministério da Justiça enviou a Alagoas, a Força Nacional de Segurança Pública, que vem oferecendo colaboração à Polícia Civil para concluir cerca de quatro mil inquéritos, entre eles, os relativos às mortes dos moradores de rua.

Os assassinatos representam 10% das pessoas, levando em conta dados da Pesquisa Nacional realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social em 2007/2008, que deram conta de que 300 pessoas, aproximadamente, moram nas ruas da capital alagoana.  



Quais as explicações para esse extermínio?

Elas estão por vir, mas as primeiras investigações realizadas pela Polícia Civil alagoana, com o auxílio da Força Nacional indicaram, em relatório de 21 de novembro, que a maioria dos crimes estão ligados à questão das drogas. 61,5% dos assassinatos já estão esclarecidos – com autoria definida – e sete acusados estão presos.

Para Edmilson Vasconcelos, psicólogo da Secretaria de Assistência Social de Alagoas, essa situação faz parte da realidade de violência generalizada existente no Estado. “O mapa da violência, elaborado pelo Instituto Sangari, criado em 2000, aponta Alagoas como o 11º lugar em número de homicídios em 2004. No ultimo levantamento, em 2007, Alagoas subiu para o 1º lugar no ranking de homicídios”. Segundo Edmilson, a violência se tornou natural podendo levar diferentes grupos sociais a se acostumarem com essas barbáries.

“Vemos com muita tristeza e amargura por ver vidas sendo tiradas de uma forma tão brutal, pelo simples “crime” de estarem em situação de rua, como se isso pudesse ser crime. Temos medo de que essas mortes caiam no esquecimento ou que não sejam devidamente esclarecidas e apuradas”, declarou Maria Lúcia Pereira dos Santos, representante do MNPR de Salvador.

Para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, as investigações devem continuar para esclarecimento de todos os casos e analisar em profundidade as razões desse massacre. "Eu não posso prejulgar, mas quero dizer que o número de mortes em Maceió é alto demais para a gente dar, de batido, essas primeiras conclusões. Vamos ver direito”, declarou o ministro Paulo de Tarso Vannuchi à Gazeta de Alagoas.  



Edição N° 193 - Dezembro de 2010

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