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Memória e indignação

Alderon Costa

Um ano após a execução de seis pessoas embaixo do Viaduto Jaçanã, próximo à Praça Santos Dumont, em Guarulhos, o crime é, ainda, um grande mistério. O processo continua com o Delegado de Polícia do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para juntar provas.

Dra. Michael Nolan, advogada e conselheira do Condepe que acompanha os processos do Massacre de 2004, das seis mortes do Jaçanã e das mortes dos catadores de material reciclável do Brás, afirmou que já se sabe quem são os autores do crime do Jaçanã, mas ainda faltam provas. “O inquérito que investiga a morte dos seis, infelizmente é, apenas, um inquérito porque ainda faltam provas”, afirmou ela. Ainda segundo a advogada, estão aguardando a resposta das empresas telefônicas porque foi pedido a quebra de sigilo telefônico das pessoas suspeitas. Para a Dra. Michael, é importante que quem saiba algo colabore com a investigação. “As pessoas não precisam se identificar é só nos procurar por meio deste jornal”, lembrou Michael.

Para fazer memória e cobrar uma solução dessa barbárie e dos outros massacres, várias organizações sociais, como o Fórum Permanente de Acompanhamento de Políticas Públicas de São Paulo, a Prefeitura de Guarulhos, a Associação São Geraldo, a Conferência dos Religiosos de São Paulo, a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo e outras reuniram-se no local do massacre.

“Vamos iniciar este momento que é de oração, é de memória, é de indignação porque há um ano estávamos aqui também para protestar contra a morte dos seis companheiros que foram executados aqui”, lembrou padre Júlio Lancellotti.

 

Depoimentos

 “Algumas fotografias mostram que alguns ainda estavam dormindo e não tiveram nenhuma possibilidade de se defender. O que torna esse massacre do Jaçanã um grande ato de covardia, de vingança e de extermínio”, lembra padre Júlio.

Para René, coordenador do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, afirmou que “cabe a nós tomar uma atitude, dar um basta e criar uma consciência que esta situação não pode acontecer mais”.

Já para irmã Alberta Girardi, Fotos: Alderon Costa/Rede Rua da Comissão Pastoral da Terra de São Paulo, o problema é social. “Tem tanta gente que pensa que a pessoa em situação de rua é vagabunda e não pensa que ela é vítima do progresso, do qual não consegue acompanhar”, declarou irmã Alberta.

Para Maria Nazareth Cupertino, membro do Fórum de Assistência Social e coordenadora do Centro de Acolhida Pousada da Esperança, em Santo Amaro, denunciou a violência da Polícia Militar com as pessoas em situação de rua. ”Há umas três semanas atrás a polícia bateu numa pessoa com deficiência mental na frente do albergue”, declarou ela. Foi feito boletim de ocorrência e estão aguardando o relatório de corpo de delito, segundo Nazareth.

Ao final do ato, Eduardo Ferreira de Paulo, representante da Comissão Nacional do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), lembrou que a violência tem suas raízes também na falta de políticas públicas. “Isto acontece porque faltam projetos e políticas públicas e que a apuração seja feita com rigor, pois isto é um absurdo e não pode virar moda e ficar impune matar moradores de rua e catadores de material reciclável”, declarou Ferreira.

Durante a celebração, foram colocadas velas e todos que foram executados em Guarulhos foram lembrados: Manoel do Nascimento Batista Cerqueira Junior, Reinaldo Rodrigues Ananias, Leandro Jesus de Oliveira, Adriano de Jesus, Daniel Barbosa de Oliveira, Vítima não identificada: cor parda, 1,70m, 25 a 30 anos.



Edição N° 197 - Maio de 2011

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