
O jornal O Trecheiro entrevistou o Dr. Flávio Gomes da Costa, promotor de justiça e coordenador do Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público de Alagoas.
O Trecheiro: Qual a análise que o MP faz desses assassinatos em Maceió?
Diante dos acontecimentos precisamos de duas ações principais. A primeira é a intensificação das investigações policiais para que sejam descobertos os autores dos crimes. O segundo ponto é a questão das políticas públicas para a população em situação de rua, não só a Assistência Social, mas Saúde, Habitação e também os programas federais.
O Trecheiro: Como está a questão dos inquéritos policiais?
Hoje, um inquérito policial se baseia numa prova testemunhal e outra pericial. A prova pericial, os laudos ainda estão sendo confeccionados. No caso das provas testemunhais está mais difícil. A grande maioria ainda está sem autoria identificada. Temos que conseguir o máximo de esclarecimento dos crimes para dar um basta à impunidade. A impunidade gera violência. Temos mais de dois mil inquéritos atrasados pela falta de estrutura da polícia.
O Trecheiro: Como fica a questão da política pública? A população em situação de rua pode ter alguma esperança?
A política pública vai ter que acontecer. Não é uma questão de favor. Não tem para onde correr. Ou se lança essa política pública ou então o MP vai ter que entrar com ações judiciais para forçar os gestores públicos a fazerem sua parte.

Ninguém nasceu para morar na rua
"A gente vivia como se a população de rua fosse a
coisa mais normal do mundo. Graças a Deus foi
levantada essa luta agora para que a gente acordasse
para ver que ninguém nasceu para viver
na rua. Percebo que a população de rua tem que
se organizar e não viver da tutela do governo”.
Lucia Moreira, assistente social da Universidade
Federal de Alagoas.
Edição N° 193 - Dezembro de 2010
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