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Retirar barracas só agrava a situação



O ano é novo, o que não muda é o olhar para os problemas enfrentados por milhares de pessoas que se encontram nas ruas de São Paulo. Inspirações e propostas não faltam, mas e a ação?

O número de pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo segue crescente, as pesquisas vêm mostrando a gravidade da situação, no entanto há uma aparente normalidade, onde a globalização da pobreza e das grandes tragédias, como yanomamis justificam o injustificável.

A prefeitura da cidade de São Paulo utiliza-se da política de “higienização” para simular uma mudança, as retiradas de barracas forçadas, a violência policial diária acirrada, a extinção de projetos nas regiões de concentração, não resolvem nada. As ações de retirada de barracas só agravam a situação. O fato é que não há vagas suficientes para o grande número de pessoas nas ruas da cidade. Não há espaços sufi cientes que garantam a autonomia das pessoas que a custo conseguem algum acolhimento. Os “hotéis” sociais estão longe de ser um lugar acolhedor e confortável como a propaganda vende, a segurança alimentar segue ameaçada não só pela escassez, mas também pela baixa qualidade.

Nem mesmo a pandemia do COVID-19 foi capaz de despertar o interesse público para a mudança. Até se mobilizou governos, sociedades e recursos num esforço para enfrentar os riscos pandêmicos de ordem sanitária, no entanto a gravidade da extrema pobreza dessa população não recebeu e nem recebe o mesmo atendimento e gerenciamento de urgência. Banhos, lavanderias, abrigos, cuidados básicos continuam sendo necessários. Até parece que a preocupação não era com as pessoas que estavam em situação de rua, mas para que não houvesse contágio para quem tem casa.

Então, qual a prioridade do Estado? Enfrentar essa pandemia de miséria extrema exige uma junção de conhecimento, vontade política para implementação de políticas efetivas, como moradia populares com a urgência necessária à situação e com alicerces firmes, que de fato garantam a dignidade da pessoa humana.

Talvez o primeiro passo deva ser assumir que é inaceitável uma situação desta gravidade na cidade mais rica do país, reconhecer que pessoas estão morrendo nesta situação e que a sociedade como um todo está sendo prejudicada com essa ineficiência dos órgãos responsáveis. E repensar as ações de manutenção dessa realidade. Se desafiar ao novo, ao eficaz, transformador e não perder de vista que é preciso diálogo verdadeiro e efetivo.

Podemos e devemos caminhar para um futuro melhor, sem fome e mais fraterno. Para isso, precisamos despertar desse marasmo social, dessas ações higienistas que só mascaram e gastam dinheiro público num poço sem fundo.



Edição N° 279 - Janeiro/Fevereiro de 2023

 
 
 

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