O jornal “O Trecheiro” foi lido pela primeira vez no mês de agosto de 1991, quando ainda suas notícias e fotos vinham impressas numa folha de tamanho ofício. Suas duas páginas traziam os fatos que aconteciam com a população de rua da região central de São Paulo.
O Jornal passou por muitas mudanças, mudando seu formato, qualificando suas matérias, incluindo a população de rua nos processos de produção, adaptando seu conteúdo aos formatos híbridos, impressos ou digitais e ampliando a divulgação.
O agravamento da situação das pessoas nas ruas da cidade está a cada dia mais visível. O último censo oficial, da cidade de São Paulo realizado em 2021 pela Qualitest Ciências e Tecnologia Ltda, apontou um total 31.884 pessoas, dessas 19.209 (60,2%) estão sem nenhum tipo de acolhimento, enquanto 12.675 pessoas (39,8) estão nos Centros de Acolhida. A concentração dessas pessoas, se dá na sua maior parte no centro da cidade, devido ao maior acesso aos recursos básicos de sobrevivência existentes.
Destacamos alguns problemas afetam severamente o público atendido: falta de estrutura na cidade, como água potável, banheiros, quarda-volumes, acolhimento, falta de alimentação, violência e a exclusão digital. Frente a estes desafios entendemos que o poder público tem uma grande responsabilidade de implementar políticas públicas efetivas, como moradia digna.
Nesse contexto, o Jornal “O Trecheiro” é um instrumento relevante para a população de rua, ele cumpre o papel de registrar, denunciar e anunciar as histórias das vidas nas ruas, as violações de direitos e as ações em favor desse público. Além disso, as pessoas em situação de rua sempre foram tratadas como vadios, bêbados, criminosos, desprovida de qualquer virtude ou dignidade pessoal. O jornal “O Trecheiro”, atua para desmitificar, visibilidade e fortalecimento da garantia de direitos dessa população.
O Jornal é escrito com a população em situação de rua, colaboradores e pessoas que tem afinidades com a causa. Outros profissionais também têm uma participação relevante na produção: fotógrafos, revisores e diagramadores. Toda equipe do jornal é voluntaria.
A impressão é feita em parceria pela Editora Paulus, que há muitos anos apoia e acredita no nosso trabalho. Ele tem tiragem de 5.000 mil exemplares.
O Jornal é distribuído nas ruas, nos centros de atendimento à população em situação de rua, em órgãos governamentais. É disponibilizado também no site e redes sociais da Associação Rede Rua. Importante anotar que na pandemia, a impressão e distribuição da versão impressa foi interrompida entre 2020 e 2021. Para alcançar seus objetivos, o Jornal foi elaborado no formato digital e distribuído pelos meios digitais. Pensando na população que não tinha acesso à internet, foi produzido alguns exemplares para serem expostos em murais. No momento, o jornal já voltou a ser produzido impresso e continua circulando pelas redes sociais.
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