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O dia a dia nas tendas

Alderon Costa e Renata Bessi

Atualizado: 30 de jan.

O Trecheiro foi para as ruas saber como as pessoas passam seus dias nas tendas. A reportagem ouviu moradores em situação de rua e funcionários de serviços.

Confira.

O primeiro ponto de parada da reportagem foi o Centro de Acolhida Santa Cecília. O serviço é oferecido pela Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana. A entidade administra o espaço com 29 funcionários e com um orçamento mensal de R$ 59.965,85, repassado pela Prefeitura. Em geral, as pessoas que fazem uso do espaço consideram a tenda melhor do que as ruas. “Meu dia é assistir uma tela, tomar um banho. O dia a dia fi co aqui e depois das 22 horas dormimos na frente do centro de acolhida, declarou Carlos Henrique Borges Moreira, 18 anos, enquanto cortava o cabelo no Centro. Ele faz parte das 309 pessoas em situação de rua que, segundo a última pesquisa da FIPE/2010, moram na região da Santa Cecília.

“Este espaço é uma benção na minha vida porque não fi co na rua”, declarou Gilson Roberto da Silva. Gilson, 40 anos, natural de Barretos (SP) está há dois anos em situação de rua por usar droga. Segundo ele, há mais de 26 anos que já tem contato com as drogas, mas somente há três anos caiu na rua por conta do crack.

Para Alessandra Gabriel, psicopedagoga, o Centro de Acolhida é um espaço de convivência que propicia um tempo para a pessoa saber o que quer. O objetivo fi nal é que a pessoa possa sair da situação de rua. Para isto, existe programação de ofi cinas, cursos, agenda de conversas e serviços de higiene pessoal.

Para Glenia Boschetti, da administração do espaço, a reclamação da comida é comum, mas não é a prioridade do Centro. “Já existem outros lugares que oferecem a alimentação.

O segundo ponto de parada da reportagem do O Trecheiro foi o projeto que deu origem aos outros centros, o Jardim da Vida Dom Luciano Mendes de Almeida, no Parque Dom Pedro. O espaço é administrado pela Associação Aliança de Misericórdia, com 39 funcionários e orçamento mensal de R$ 111.546,20, repassado pela Prefeitura. Segundo o gerente do centro, Felipe Faria de Paula, o objetivo é acolher, ser a porta de entrada para a rede social e por meio de muita conversa ajudar no resgate pessoal e familiar.

Mas, o espaço não faz jus ao nome. Logo na entrada a reportagem encontrou pessoas que lavavam suas roupas em frente ao portão de entrada. O espaço situa-se entre duas praças cortadas pela ponte da Avenida Rangel Pestana. Um grande espaço aberto com mesas, árvores e até um campo de futebol. Dentro das tendas, televisão ligada e mesas para jogos. Embaixo do viaduto, na passagem de uma tenda para outra, banheiros químicos em péssimo estado.

Elizama Luis Alves aprova o projeto, mas reclama: “Com a chuva tivemos alguns problemas dentro das tendas, os banheiros também não estão limpos, e queremos uma lavanderia como na Mooca”.

De acordo com a assessoria de imprensa da Smads, os banheiros antigos foram completamente substituídos por novos e não há condição para lavagem de roupa. A secretaria adiantou, ainda, que está trabalhando em um projeto de centro de convivência, embaixo do Viaduto Alcântara Machado, que comportará, além dos banheiros, tanques de lavar roupa e varais para a secagem.

Carlos Alberto Reis Pereira, 43, que foi morar na rua por perder o pai, a mãe e ser filho único, gosta do espaço, pois consegue dormir um pouco mais. “Eu uso aqui para dormir um pouco, pois trabalho à noite catando latinha e acordo cedo. Aproveito para tomar banho, assistir televisão, jogar bola e participar dos jogos de mesa”, declara Carlos.

Paulo Henrique da Silva reclama dos albergues, da tuberculose e da dificuldade em arrumar trabalho. “Essa tenda ajuda muitas pessoas, mas não ajuda muito, pois elas vêm e vão. Elas precisam de trabalho. Meu medo é de virar um vagabundo como muitos,” conclui Paulo.



Edição N° 196 - Abril de 2011

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