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  • Passeio pela São Paulo

    Caminho pelas calçadas da cidade (às vezes nas ruas) e encontro: cinza no chão, cinza no cinzeiro e cinza no coração - dos carros. Os carros passam de vidro fechado, cheio de medo daquela região, a prefeitura chama de “cena de uso”, mas eu vejo um monte de gente vivendo junto: – Tem quem beba, tem quem cheira, tem quem fuma, tem quem ame e quem... Várias fitas, laços e histórias se desenrolam ali - pertinho da beira do rio. A prefeitura e o Estado caminham vestidos de azul, verde, vermelho, laranja e cinza. Nunca vi tanto policial parado, tomando conta do Estado, do patrimônio de alguém. Várias pessoas são hostilizadas: levam cobertor, remédio, dignidade e vontade de viver; aliás, essa faz tempo: desde que aconteceu tudo aquilo que machucou, oprimiu e dividiu a sociedade em cores. E quem cuida de quem? Cada um cuida de si e se puder, do outro. Tem trabalhador de política pública: da saúde, da assistência, dos direitos humanos, da defensoria que buscam cuidar junto. Tem quem olhe e queira que o Estado cuide com polícia, internação e tirando quem vive na calçada pra longe; ou que Deus ou as igrejas receba todo esse povo de braços abertos para uma grande redenção. Saturnino Pereira , “plantando sonho de que a gente se cuide junto Antes que os rios presos afoguem todos nossos sonhos depois de uma chuva.” Contato: saturnino8pereira@gmail.com Edição N° 300 - Janeiro / Fevereiro de 2025

  • Esperança, indignação e coragem no IV Encontro Estadual das Comissões Justiça e Paz

    Entre os dias 4 e 6 de abril de 2025, no Seminário Santo Antônio, localizado na Serra de São Pedro (SP), foi realizado o IV Encontro Estadual das Comissões Justiça e Paz do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento teve como tema “Esperança, indignação e coragem” , três palavras que nortearam os debates, as trocas de experiências e a renovação do compromisso com os direitos humanos e a justiça social. Participaram representantes das Comissões Diocesanas de Justiça e Paz de diversas regiões do Estado de São Paulo, além de grupos em fase de formação e os membros da Comissão Regional. Ao longo dos três dias de encontro, foram realizados momentos de espiritualidade, rodas de conversa, exposições temáticas e partilhas sobre os desafios enfrentados por quem atua na defesa da dignidade humana. Formação, articulação e compromisso O IV Encontro teve como principal objetivo fortalecer a atuação das comissões, incentivar o intercâmbio de experiências e promover a articulação de ações conjuntas. A troca entre diferentes gerações, o protagonismo das mulheres e o diálogo entre organismos religiosos foram pontos marcantes ao longo do encontro. Um dos temas centrais discutidos foi a situação da segurança pública no Estado de São Paulo , com ênfase na urgência de políticas que garantam os direitos da população mais vulnerável. A formação em direitos humanos e a comunicação como ferramenta de mobilização também ganharam destaque, reforçando a importância de informar, formar e engajar comunidades na luta pela justiça. Depoimentos que fortalecem a caminhada Para registrar e compartilhar os frutos desse encontro, a Rede Rua  produziu uma série de vídeos com depoimentos de participantes. Neles, é possível sentir a força das experiências vividas, entender melhor o que são as Comissões Justiça e Paz e conhecer os desafios enfrentados em diferentes territórios. Esperamos que esse material ajude a fortalecer ainda mais essa importante rede de atuação e inspire novas pessoas a se somarem na defesa da justiça, da paz e da dignidade humana. Assista aos vídeos do IV Encontro das Comissões Justiça e Paz:

  • Mulheridades: Aproximação, afeto e resistência nas ruas

    O projeto Mulheridades é realizado, por meio de Termo de Fomento, em parceria com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania O projeto Mulheridades, propõe olhar por uma ótica mais inclusiva sobre as questões das mulheres em situação de rua. A iniciativa busca abrir espaços de diálogo, reflexão e construção conjunta de soluções para enfrentar as desigualdades e violências de gênero que marcam a vida dessas mulheres. O termo “mulheridade” refere-se à essência e à experiência de ser mulher, abrangendo dimensões biológicas, raciais, culturais, sociais, econômicas e existenciais que moldam a identidade feminina. Embora a palavra não seja reconhecida oficialmente pelos dicionários tradicionais, podendo até nos parecer equivocada ao ser escrita ou lida, ela surge em estudos feministas e de gênero como uma proposta conceitual valiosa para compreender e enfrentar os desafios específicos vividos por essas mulheres. O projeto se desenvolve por meio de rodas de conversa e propõe aplicar-se de maneira lúdica, baseada na convivência. Destaca temas sensíveis e necessários, como a rivalidade e a competição impostas entre as mulheres, incentivando o afeto, o cuidado e a solidariedade mútua. “Entre nós, mulheres, sentimos o acolhimento umas com as outras e, assim, é possível nos fortalecer e nos apoiar”, relata Ana Paula, que atualmente vive em um centro de acolhimento para mulheres e crianças na zona sul da cidade. Para ela, encontros como os de Mulheridades, são fundamentais por darem visibilidade a um tema muitas vezes ignorado nos Centros de Acolhimento Social. Ao longo dos encontros, a realidade das mulheres em situação de rua se evidencia por relatos que, na maioria das vezes, são atravessados por marcas de profundas violências. Apesar dos números do censo da população em situação de rua mostrarem que as mulheres são a minoria entre a população em situação de rua na cidade de São Paulo, é evidente que esses números vêm crescendo e elas são as principais vítimas de agressões físicas, sexuais e institucionais. A violência é tanto um reflexo quanto uma extensão do machismo e racismo que estrutura a sociedade brasileira, em um país que ocupa posição de destaque nos índices de feminicídio. Além disso, as condições precárias da vida nas ruas expõem as mulheres a situações extremas de vulnerabilidade. O simples ato de menstruar, por exemplo, torna-se um desafio cotidiano quando não há absorventes, não há acesso a banheiros ou espaços de acolhimento adequados. Nos encontros é possível também questionar as lacunas nos serviços de assistência e a ausência de um olhar mais humanizado sobre as mulheres em situação de rua. Através de um viés transfeminista, o Mulheridades propõe uma reflexão urgente sobre direitos e dignidade, buscando formas concretas de acolher essas mulheres que, apesar das feridas físicas e emocionais, seguem resistindo e lutando por um mundo mais seguro e mais igual. Para Verônica, convivente da Chapelaria Social Irmã Alberta, a experiência dos encontros foi surpreendente. Ela ficou impressionada ao perceber a força da comunicação entre as mulheres que compartilham vivências semelhantes. “Me senti acolhida e com as energias renovadas”, afirmou. Verônica destacou a importância de ampliar iniciativas que ofereçam suporte coletivo. “Precisamos de mais projetos e de um espaço onde possamos ser acolhidas, recomeçar nossas vidas e nos sentirmos apoiadas. Isso faz toda a diferença para mulheres que, assim como eu, precisam desse tipo de apoio”, ressaltou. Verônica reforçou o impacto positivo de ações desse tipo e pediu por mais serviços voltados ao acolhimento e fortalecimento feminino. A cada encontro, se faz evidente a necessidade de espaços seguros para dialogar sobre suas experiências, compartilhar dores e, principalmente, construir redes de apoio e resistência das Mulheridades da Rua! Edição N° 299 - Novembro / Dezembro de 2024

  • Eu apoio as cozinhas solidárias

    “Foi a cozinheira quem me ajudou. Pé no barro, fé na luta. E quem vai lá na cozinha, as cozinheiras dão comida saborosa, teto, trabalho e pão.” (trecho cantado na manifestação de Apoio às cozinhas Comunitárias) No dia 24 de fevereiro, com um calor próximo dos 32 graus e sol forte, muitas pessoas se concentraram na Praça da República para participar do ato de apoio às cozinhas solidárias, contra as perseguições que vem sofrendo por parte de políticos e da grande mídia. As cozinhas foram criadas durante a Pandemia de COVID 19, em 2020 para combater a insegurança alimentar que se alastrou neste período. Foram criadas para prover o preparo e a distribuição de refeições pela sociedade civil e de movimentos populares às populações mais vulnerabilizadas. Com a eleição de 2022, as cozinhas solidárias foram transformadas em política pública pelo governo Lula. Segundo o site do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, foi “instituído em 2023, pela Lei 14.628, e regulamentado pelo Decreto no 11.937/2024”, o Programa Cozinha Solidária também é estrategicamente vinculado a outros programas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A ação será feita a partir de três modalidades: apoio com doação de alimentos in natura e minimamente processados, diretamente entregues pelo PAA; oferta de refeições por meio de entidades gestoras e apoio à formação e capacitação dos colaboradores e parceiros.” Já são mais de 2 mil cozinhas comunitárias por todo o Brasil que produzem e distribuem comida em centros comunitários, nas ruas, onde tenha pessoas com fome. A manifestação foi o organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), teve a participação de mais de mil militantes, reuniu 56 cozinhas solidárias, além de parlamentares, lideranças de vários coletivos e movimentos sociais para denunciar essa estratégia da extrema direita, ou, da bancada da fome, como ficou conhecido esse grupo de parlamentares que são contrários às políticas públicas para acabar com a fome. “Eles querem acabar com estes programas, pois quando governaram era a “fi la do osso”, era a fome”, recordou Guilheme Boulos (PSOL), deputado Federal, fazendo referência à grande fome que atingiu muitas pessoas na pandemia, em 2020. Após denúncias mal fundamentadas da imprensa, vereadores de São Paulo que se identificam como de direita, ameaçam as cozinhas com uma CPI. Seu objetivo não é melhorar e qualificar o serviço, mas sim eliminar as cozinhas e assim tentar apagar o legado de fome do governo anterior. Segundo o vereador Toninho Vespoli (PSOL), “a extrema direita na Câmara Municipal com CPIs para criminalizar os movimentos sociais e as cozinhas solidárias.” A manifestação foi caminhando até a Câmara Municipal, onde foi realizado ato de apoio às cozinhas e feita a distribuição de marmitas. O ato, além de repudiar a perseguição, falou da necessidade de se abrir ao menos mais 1000 cozinhas solidárias pelo Brasil, uma vez que a alta do dólar segue inflacionando o preço dos alimentos. Além disso, os movimentos exigiram do governo mais apoio às cozinhas, como a garantia de chegada de alimentos sem agrotóxicos e da agricultura familiar. Video: Eu apoio as cozinhas solidárias Edição N° 300 - Janeiro / Fevereiro de 2025

  • A intersetorialidade entre Saúde e Assistência

    No dia 14 de junho, o Fórum Permanente de Acompanhamento das Políticas Públicas para a População de Rua de São Paulo realizou seminário para discutir as necessidades da população em situação de rua com relação à saúde e as políticas públicas existentes. Participaram do evento, aproximadamente, 80 pessoas. Edy de Lucca (OAF) apresentou a rede de discussão sobre Saúde e Assistência social, composta pela OAF; Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Saúde, Políticas Públicas e Sociais (Unifesp); Associação Saúde da Família; Bom Parto; É de Lei e Santa Casa. Foram apresentados os resultados do trabalho de aproximadamente um ano de discussão entre os participantes da rede, que teve o objetivo de levantar os principais problemas enfrentados tanto na utilização dos serviços como na prestação de saúde de qualidade. A integração entre os serviços de saúde e assistência social foi apresentada como um dos principais desafios para melhorar o acesso e a qualidade desses serviços. Rosângela Elias (Secretaria Municipal de Saúde de SP) expôs o que ela chamou de “dificuldades de pensar uma política pública que tem um recorte de tanta singularidade como é o caso da população em situação de rua”. Destacou a intersetorialidade como algo fundamental e o maior desafio do SUS, ao atribuir co-responsabilidade de outras áreas sociais com a saúde. Para enfrentar essa questão apontou a possibilidade de construção de uma rede institucional entre as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e dos abrigos, como espaço de troca e de qualificação das pessoas no próprio trabalho. Cléia Januário (Secretaria Municipal de Assistência Social de Guarulhos) expôs a experiência recente do Consultório de Rua (CR), realizado em parceria com a Secretaria de Saúde com o objetivo do cuidado em saúde e redução de danos junto a pessoas em situação de rua, usuárias de substâncias psicoativas. Os atendimentos de saúde e psicossocial são realizados diretamente na rua ou em albergues. Destacou o trabalho articulado entre gestores da Secretaria de Saúde e de Assistência Social nos encaminhamentos, orientações e discussão de casos. Zilah Daijós (Smads) levantou como desafio da assistência social garantir o acolhimento depois que a pessoa realizou um tratamento de saúde. Átila Pinheiro (MNPR) apontou a necessidade de humanização do olhar, porque o foco deve ser sempre as pessoas que estão na rua. A saúde e a assistência devem deixar de jogar a responsabilidade uma pra outra e começar a desenvolver trabalhos conjuntos e que sejam efetivos. Nina Laurindo (Fórum Permanente) destacou que a população de rua tem grande dificuldade de acessar o SUS em parte devido à discriminação. Mencionou a dificuldade, daqueles que conseguem ser atendidos, de dar continuidade ao tratamento por não haver um sistema de acolhimento eficiente na cidade. Por último, o Fórum Permanente propôs a criação de um Grupo de Trabalho composto por representantes de ONGs, poder público e pessoas em situação de rua visando integração da saúde e da assistência social. Edição N° 199 - Julho de 2011

  • Mulheres catadoras saem às ruas contra o trabalho infantil e pelo meio ambiente

    Mulheres ligadas ao Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) realizaram, de 7 a 9 de junho, o 2º Encontro Nacional de Mulheres Catadoras de Materiais Recicláveis no Pontal do Paraná. Participaram cerca de 500 catadoras de 18 estados brasileiros, que debateram a situação da mulher catadora e a exclusão social predominante na sociedade machista. Durante o evento, foram realizadas ofi cinas sobre políticas públicas, autoestima, família, diversidade sexual, direitos humanos e a mulher, relações interpessoais, Economia Solidária, lideranças femininas, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Logística Reversa (retorno dos recicláveis pós-consumo aos produtores) e outros temas. As questões prioritárias levantadas pelas catadoras dizem respeito a políticas públicas que contemplem o trabalho da categoria e os direitos da mulher que hoje somam 70% da categoria organizada em cooperativas, associações e grupos nãoformalizados. “Nos preocupamos com algumas leis que já estão em vigor e que não atendem as nossas demandas, como a lei do Cooperativismo e alguns editais que são acessados, mas os recursos não chegam com rapidez às bases, como por exemplo, o da Funasa direcionada para a categoria”, declararam as mulheres catadoras no documento fi nal do encontro. “É muito importante nos armarmos contra a avassaladora incineração que a cada dia se torna realidade em nosso país. Devemos mobilizar os estados e os municípios para constituirmos políticas públicas que assegurem que a catação não deixe de existir, já que o projeto da MNCR vai além do trabalho e da renda, pois acreditamos na transformação social e conscientização da população através da coleta seletiva. Os incineradores não representaram uma alternativa boa para os países europeus, porque seria para o Brasil? Gostaríamos que os governantes eleitos por nós para tornar o Brasil um país mais justo, se atentassem para esse sério problema que atingirá primeiramente nós catadoras e catadores através do trabalho, mas também toda a população com a poluição do Meio Ambiente e problemas de saúde pública”, exigiram no documento público que foi encaminhado ao Governo Federal. No dia 9 de junho de 2011, as catadoras realizaram uma grande marcha pelas ruas de Curitiba em que reivindicaram a proibição da implantação de incineradores de lixo no Brasil e contra o trabalho infantil. Foi entregue a deputados estaduais do Paraná um projeto de lei para que a incineração de lixo seja proibida no Estado. A marcha teve o apoio de várias entidades e personalidades como o expresidente Lula, que esteve presente ao ato de encerramento da Marcha. “Vocês estão fazendo um trabalho digno nesse País, nós ainda temos muita coisa para conquistar, gente. Quando eu cheguei aqui vocês estavam gritando “não à incineração”, e nós temos de fazer disso uma batalha, uma luta, e podem contar comigo”, declarou o ex-presidente Lula em discurso. Em ocasião do dia mundial de combate ao trabalho infantil, o encontro enfatizou os esforços do MNCR na Campanha “Criança no lixo, nunca mais” que há muitos anos chama a atenção da sociedade para o tema do trabalho infantil nos lixões brasileiros. O esforço tem surtido efeito e com a nova legislação, até 2014, todos os lixões a céu aberto devem ser fechados. Para tanto, as catadoras exigiram do Governo, educação e creches para que as crianças sejam realmente assistidas. “Criança no lixo nunca mais. O lugar é na escola e junto com os pais”, dizia o grito de ordem.   Edição N° 199 - Julho de 2011

  • Formação política do MNPR

    Todos ganham com a nossa ignorância! Com essa constatação o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) e parceiros fiéis e comprometidos com a nossa causa elaboramos juntos cartilha, volder e vídeo que nos ajudarão a ampliar consciência política e tomarmos posse dos nossos direitos e deveres como cidadãos brasileiros. Esses materiais nos levarão a um crescimento e um fortalecimento sem medidas e uniremos nossas vozes e lutas num objetivo comum, que é um Brasil mais humano e sensível. A vida terá um novo sentido: de justiça e partilha. Não teremos vergonha de nossa história e nem medo de irmos em frente. O conhecimento que tantas e tantas vezes nos foi negado e informações sonegadas que nos aprisionavam e nos escravizavam têm um basta com essas ferramentas de liberdade, construídas com zelo, carinho e paixão. Uma luz reflete com todo seu esplendor nessa nova construção da nossa história, história de um povo que há pouco tempo atrás somente tinha o direito de não ter direito algum. A cartilha nos ensina a ter consciência de que somos pessoas de direitos e deveres, nos capacita e nos ajuda a refletir, questionar e organizar. O folder espalha com rapidez a voz do Movimento e junta a nossa luta irmãos que pensam que estão sozinhos em sua dor e solidão e o vídeo é um grito de Basta, mostrando a tantos que somos fortes por sermos unidos, que somos fortes por sermos solidários. Sabemos que nossa luta apenas começou, o caminho é longo, repleto de obstáculos e de vitórias, porém a visibilidade e o compromisso conquistados e reforçados é o que nos impulsiona a seguir em frente. É hora de que em cada esquina, em cada abrigamento, em cada viaduto ao redor da cartilha, folder e vídeo a população de rua comece a perceber que o momento chegou e ele é de Esperança e de Conquista. Procure os companheiros do MNPR em sua cidade. Edição N° 199 - Julho de 2011

  • “Resistir é Preciso...”

    No dia 27 de junho, houve o lançamento de Os Protagonistas dessa História, 12 DVDs com depoimentos de 60 jornalistas que participaram de jornais que difundiam ideias contrárias regime militar. Esta coleção faz parte do projeto Resistir é Preciso…, iniciativa do Instituto Vladimir Herzog em parceria com o Memorial da Resistência de São Paulo, Governo do Estado, Imprensa Oficial, Petrobrás e Governo Federal. Para José Luiz Del Royo, historiador e um dos coordenadores da pesquisa, “esta coleção é o primeiro passo de um projeto bem maior, que prevê programas para a TV, publicações e exposições. Temos muitos depoimentos sobre o período dos 20 anos de ditadura no Brasil de 1964 a 1984”, disse em entrevista ao nosso grupo. Esta visita foi programada por participantes do Ponto de Encontro e Cultura e do Ponto Cultural Ocas pela importância do ato e pela possibilidade de venda coletiva da revista OCAS” . Estiveram presentes: Pilar, Zeca, Michel, Valter Machado, Paulinho, Eduardo, Regina (Tieko), Debora e Cleisa. “Este era um evento fechado e temos que parabenizar a Pilar pelos contatos feitos. Foi impressionante a demonstração de simpatia com a revista OCAS” , disse Debora Galvani, do projeto Metuia e do curso de Terapia Ocupacional (USP). Na abertura, houve apresentação do Coral Martin Luther King, em meio a conversas entre os 200 convidados, petiscos e bebidas. Dentre autoridades munici- pais, estavam o Secretário dos Direitos Humanos, José Gregori e o prefeito Gilberto Kassab; além do representante da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, Henry Machado; representantes do Governo do Estado, jornalistas e militantes. Alguns manifestaram emoção pelo evento e compromisso com as lutas populares, em particular, com a instalação da Comissão da Verdade, que com a abertura dos arquivos fatos e documentos da história recente serão conhecidos. “Temos o sentimento de nossa cidadania restaurada com esse resgate de vozes que corajosamente se uniram, no exílio, na clandestinidade e nos veículos oficiais para expor as entranhas do governo militar”, disse Regina Tieko, coordenadora do Ponto Cultural Ocas. Durante o evento, nosso grupo decidiu entrevistar o Prefeito. Após sua fala, Kassab, assessores de imprensa e seguranças foram se retirando do local. Ficamos plantados na porta de saída e indagamos: “Senhor Prefeito, porque os vendedores são reprimidos de forma violenta pela Segurança Urbana e impedidos de vender a revista OCAS” na Avenida Paulista e no Parque do Ibirapuera? Kassab apenas ouviu e solicitou ao assessor de imprensa, Alexandre Costa, que anotasse nossos telefones e marcasse reunião com o coordenador do Parque Ibirapuera. Até hoje não recebemos nenhuma comunicação.  Acima: Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog e diretor do Instituto. Ao lado: paticipantes do Ponto de Encontro e Cultura: Paulinho, Debora, Eduardo, Michel e Zeca Edição N° 199 - Julho de 2011

  • Mesmo no frio preferem a rua

    O frio desse ano já deixou os “com casa” em estado de alerta. Mesmo com o conforto, casa, cama, cobertores e aquecedores, as baixas temperaturas desse ano preocupam. Imaginem a situação dos “sem-tetos” que além do frio precisam enfrentar a incompetência dos órgãos municipais que não fazem planejamento adequado para acolher a diversidade de pessoas que são obrigadas a morar nas ruas da cidade de São Paulo. Além do mais, retiram cobertores doados por organizações sociais e lavam as calçadas de madrugada molhando pessoas e pertences. Dona Maria Ruth Ferreira da Silva, 46 anos, nascida em Lavras (MG), há 29 anos em São Paulo e nove anos em situação de rua declara que tem problemas com drogas, mas graças à fogueira e à solidariedade ela e seus companheiros conseguem sobreviver. “Estou na rua porque são muitos problemas, envolve muitas coisas e acabou não dando certo e fui parar na rua. Ai de nós se não fossem as comunidades que trazem comida! A Prefeitura só faz tirar a gente, até os cobertores da gente eles tomam. Esta casinha que você está vendo foi feita com os cobertores que escondemos. Acordei cedo e escondi. Se ficar esperando, eles levam tudo”, declarou Ruth. Para Ednilton Costa de Oliveira, 29 anos, foi para rua porque perdeu a família. Já passou por vários albergues e tem muitas reclamações. “Têm alguns desses lugares que os monitores tratam a gente ruim e alguns companheiros de rua não sabem respeitar a área. O albergue tem muitas regras e os moradores de rua não conseguem seguir estas normas. Corre droga e bebida dentro dos albergues. Muitos não vão para o albergue porque não querem saber de pernoite, mas vaga fixa”, reclama Ednilton. Já para o enfermeiro desempregado, Valdir Pinto que cuida de uma senhora que fi ca sentada na passarela da Praça das Bandeiras, no Centro, o problema não é o frio, mas sim a limpeza urbana e as dificuldades com os albergues. “Então, no dia15 de julho, estava com a Maria aqui na passarela, quando deu três horas da manhã chegou um carro da GCM e nos acordaram e pediram para sair para o pessoal da limpeza jogar água pela segunda vez numa mesma noite. A placa do caminhão era EQG 7139. Não vou para o albergue porque eles difamam sua imagem e qualquer coisa colocam seu nome na lista de pessoas com problemas e o nome da gente acaba sendo riscado”, reclama Valdir. Para Jean Manoel Carvalho de Sousa, a rua é mais limpa e segura do que os albergues. “Estou em situação de rua por falta de vaga em albergues e quando aparece são nos albergues com surto de muquirana (piolo). Não vou pegar uma cama com muquirana e correr o risco de ter minha bolsa roubada. A solução é matar as muquiranas e dar uma coisa digna. Não adianta abrir vagas e não sermos atendidos antes da meia-noite”, questiona Jean.   “ Graças à fogueira e à solidariedade ela e seus companheiros conseguem sobreviver”   Edição N° 199 - Julho de 2011

  • Um banco vazio no Largo Santa Cecília

    No dia 17/6, no Largo Santa Cecilia, amigos e conhecidos fizeram homenagem a dona Mara Maria de Medeiros Pereira, carioca de 72 anos, conhecida como dona Mara, moradora do Largo Santa Cecília, faleceu na manhã do dia 11 de junho de 2011, num domingo, no Pronto- Socorro da Barra Funda, para onde foi levada no sábado, depois de muitas tentativas frustradas de atendimento pelo SAMU. Conheci dona Mara, dois meses antes de sua morte, apresentado pela Tina Galvão, moradora dos arredores do Largo Santa Cecília que já expressava sua preocupação com a saúde de Mara e para onde poderia encaminhá-la para os cuidados que se faziam urgentes. O nó do problema é que ela sempre se recusou a sair do Largo. Ninguém conseguia convencê-la de se tratar. Foi solicitada uma interdição judicial ao Ministério Público para que alguém cuidasse dela, mas não se conseguiu. Muitas histórias são contadas sobre ela, mas o fato é que ela fez do Largo sua casa, dos bancos sua poltrona e dos transeuntes e moradores seus familiares. Seu companheiro conhecido como Elias da Silva, aparecia quase sempre para lhe trazer comida. Havia notícia que sua filha mora no Rio de Janeiro. Segundo frequentadores do Largo, Mara já teve uma vida “muito boa”. Ela recebia uma pensão que era de sua mãe de, aproximadamente, R$ 2.000,00 (dois mil reais) que, segundo alguns, quem administrava esse dinheiro era seu companheiro. Conta-se que ela sempre ajudou os moradores de rua e que, antes de ir para rua morava em hotéis. Assim era dona Mara que agora vai deixar o Largo Santa Cecília mais vazio. E para aqueles que a conheceram e acompanharam seus últimos momentos, uma revolta pelo jeito que veio a falecer. No sábado, dia 11 de junho, chamado pela Tina, encontrei a sentada num banco que fica bem perto da Igreja. Quando a vi, pensei que já estivesse morta. Ainda respirava forte e parecia lutar para viver muito mais. Não foi fácil conseguir um atendimento para ela, como tem sido para todos que estão na rua. Ao lado do banco onde estava Mara, uma base da GCM (P70330) e mais ao fundo do Largo, uma base da PM. A GCM dizia que não podia levá-la ao hospital e já tinha acionado o SAMU (protocolo 831732 – 14 horas). Já eram 16 horas e o SAMU não chegava. Mara permanecia sentada, ou melhor, quase deitada no banco. Ás 16h10 chegou a ambulância do SAMU e os profissionais fizeram todos os procedimentos de emergência e levaram Mara para o Pronto-Socorro da Barra Funda. Infelizmente, o esforço de tantas pessoas veio tarde. O corpo da Mara já não tinha mais resistência. Sua morte já vinha sendo anunciada por aqueles que a conheciam. Ninguém consegue viver tanto tempo nas condições em que Mara e tantos outros companheiros vivem nas ruas. Mara morreu e muitos outros devem estar morrendo nesse momento porque o Estado não está preparado para salvar essas vidas “que não valem nada” aos olhos de muitos. Só atrapalham! Uma moradora de rua a menos. O Largo está com um banco vazio! No cemitério, seu companheiro, este jornalista e três funcionários da Prefeitura acompanharam o enterro que Mara já deixara pago. Edição N° 199 - Julho de 2011

  • O dia a dia nas tendas

    O Trecheiro foi para as ruas saber como as pessoas passam seus dias nas tendas. A reportagem ouviu moradores em situação de rua e funcionários de serviços. Confira. O primeiro ponto de parada da reportagem foi o Centro de Acolhida Santa Cecília. O serviço é oferecido pela Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana. A entidade administra o espaço com 29 funcionários e com um orçamento mensal de R$ 59.965,85, repassado pela Prefeitura. Em geral, as pessoas que fazem uso do espaço consideram a tenda melhor do que as ruas. “Meu dia é assistir uma tela, tomar um banho. O dia a dia fi co aqui e depois das 22 horas dormimos na frente do centro de acolhida, declarou Carlos Henrique Borges Moreira, 18 anos, enquanto cortava o cabelo no Centro. Ele faz parte das 309 pessoas em situação de rua que, segundo a última pesquisa da FIPE/2010, moram na região da Santa Cecília. “Este espaço é uma benção na minha vida porque não fi co na rua”, declarou Gilson Roberto da Silva. Gilson, 40 anos, natural de Barretos (SP) está há dois anos em situação de rua por usar droga. Segundo ele, há mais de 26 anos que já tem contato com as drogas, mas somente há três anos caiu na rua por conta do crack. Para Alessandra Gabriel, psicopedagoga, o Centro de Acolhida é um espaço de convivência que propicia um tempo para a pessoa saber o que quer. O objetivo fi nal é que a pessoa possa sair da situação de rua. Para isto, existe programação de ofi cinas, cursos, agenda de conversas e serviços de higiene pessoal. Para Glenia Boschetti, da administração do espaço, a reclamação da comida é comum, mas não é a prioridade do Centro. “Já existem outros lugares que oferecem a alimentação. O segundo ponto de parada da reportagem do O Trecheiro foi o projeto que deu origem aos outros centros, o Jardim da Vida Dom Luciano Mendes de Almeida, no Parque Dom Pedro. O espaço é administrado pela Associação Aliança de Misericórdia, com 39 funcionários e orçamento mensal de R$ 111.546,20, repassado pela Prefeitura. Segundo o gerente do centro, Felipe Faria de Paula, o objetivo é acolher, ser a porta de entrada para a rede social e por meio de muita conversa ajudar no resgate pessoal e familiar. Mas, o espaço não faz jus ao nome. Logo na entrada a reportagem encontrou pessoas que lavavam suas roupas em frente ao portão de entrada. O espaço situa-se entre duas praças cortadas pela ponte da Avenida Rangel Pestana. Um grande espaço aberto com mesas, árvores e até um campo de futebol. Dentro das tendas, televisão ligada e mesas para jogos. Embaixo do viaduto, na passagem de uma tenda para outra, banheiros químicos em péssimo estado. Elizama Luis Alves aprova o projeto, mas reclama: “Com a chuva tivemos alguns problemas dentro das tendas, os banheiros também não estão limpos, e queremos uma lavanderia como na Mooca”. De acordo com a assessoria de imprensa da Smads, os banheiros antigos foram completamente substituídos por novos e não há condição para lavagem de roupa. A secretaria adiantou, ainda, que está trabalhando em um projeto de centro de convivência, embaixo do Viaduto Alcântara Machado, que comportará, além dos banheiros, tanques de lavar roupa e varais para a secagem. Carlos Alberto Reis Pereira, 43, que foi morar na rua por perder o pai, a mãe e ser filho único, gosta do espaço, pois consegue dormir um pouco mais. “Eu uso aqui para dormir um pouco, pois trabalho à noite catando latinha e acordo cedo. Aproveito para tomar banho, assistir televisão, jogar bola e participar dos jogos de mesa”, declara Carlos. Paulo Henrique da Silva reclama dos albergues, da tuberculose e da dificuldade em arrumar trabalho. “Essa tenda ajuda muitas pessoas, mas não ajuda muito, pois elas vêm e vão. Elas precisam de trabalho. Meu medo é de virar um vagabundo como muitos,” conclui Paulo. Edição N° 196 - Abril de 2011

  • Vitória dos movimentos: Gegê Livre !!!

    Lutar Não é Crime! Definitivamente! Ao final da tarde do dia 5 de abril, após decisão unânime dos jurados, a juíza Eva Lobo Chaib Dias Jorge do 1º Tribunal do Júri de São Paulo declarou a inocência de Gegê. Foram dois dias em que a angústia pairou sobre todos os companheiros que acompanhavam o julgamento, tanto dentro do plenário, sempre lotado, quanto daqueles que acompanhavam de longe. Após a juíza decretar definitivamente o fi m do júri, o plenário irrompeu em palmas e vivas de alegria. Todos se abraçaram de alívio após tanta tensão, como se abraçassem o próprio Gegê, com sorrisos nos rostos e não raras vezes com as faces molhadas de lágrimas. A absolvição já se mostrava possível após a fala final do promotor de justiça, Roberto Tardelli. Quase ao final de sua longa arguição afirmou que, apesar da falta de provas ainda restava dúvida, e que por isso pedia que os jurados o absolvessem. Mas a decisão final caberia aos jurados. Em seguida, o advogado Dr. Guilherme Madi Rezende tomou a palavra para fazer a defesa de Gegê. Segundo ele, sua inocência era evidente diante das provas. Logo após, os jurados se retiraram para a votação secreta. Em poucos minutos voltavam para suas cadeiras e a juíza leu a decisão final. Foram oito anos de paralisação da vida política de Gegê. Foram meses de trabalho intenso por parte de seus apoiadores, principalmente do Comitê “Lutar Não é Crime”, que atuaram contra o risco de criminalização. Foram dois dias tensos de julgamento, em que estavam presentes representantes de diversos movimentos sociais, de entidades defensoras de direitos humanos, de senadores, deputados federais e estaduais, vereadores, amigos e familiares. Mesmo as testemunhas de defesa, após seus depoimentos, ali continuaram até o final, incluindo o irmão de Gegê, o cantor Chico Cesar. O senador Eduardo Suplicy, também testemunha, expôs o caso ao Senado, em Brasília. Dia 5 de abril não foi somente o dia da liberdade de Gegê, foi o dia em que os movimentos sociais de luta pela vida com plena dignidade humana tiveram a certeza de que a luta vale a pena. Esta data foi histórica para a luta dos movimentos. Por tal importância, foi protocolado na Câmara Municipal, pelo vereador Chico Macena, projeto de lei que institui o 5 de abril como dia municipal pela luta contra a criminalização dos movimentos sociais. A LUTA ONTINUA. LUTAR NÃO É CRIME!!! Mais informações: www.lutarnaoecrime.blogspot.com Edição N° 196 - Abril de 2011

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