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Pessoas em situação de rua morremmais que a população em geral

“...a população em situação de rua teve uma taxa de mortalidade 348% maior que a população em geral.”


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Em 2024, 6.003 pessoas que estavam em situação de rua morreram no Brasil. Esses dados foram apresentados pelo pesquisador Marco Natalino, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Seminário Internacional “População em Situação de Rua: Cuidado Integral e Direitos Já!”, realizado nos dias 22 e 23 de outubro na unidade de Brasília da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Como explicou Natalino, em entrevista ao jornal O Trecheiro, esses resultados foram obtidos por meio do cruzamento de dois bancos de dados públicos. De um lado, Natalino identificou todas as pessoas que declaram ao Cadastro Único (CadÚnico) que estariam em situação de rua em dezembro de 2023. Ao fazerem o seu cadastro, essas pessoas forneceram o número do seu CPF, o que possibilitou a contagem de aproximadamente 250 mil registros em todo o país naquele momento.

Depois, esses números de CPF foram cruzados com os dados do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil, que congrega informações dos cartórios de registro civil de todo o país, responsáveis por emitir certidões de óbito. Ao emitir uma declaração de óbito, o cartório também registra o CPF da pessoa que faleceu. Assim, foi possível cruzar ambos os registros e verificar quantas pessoas que estavam em situação de rua no final de 2023, segundo o CadÚnico, tinham tido seu óbito declarado por algum cartório em 2024.

“Nós criamos uma lista de todas as pessoas que estavam no Cadastro Único (e que estavam obviamente vivas) ao final do ano de 2023 e observamos quantas dessas pessoas vieram a óbito em 2024 [segundo os registros dos cartórios de registro civil]”, resume Natalino.

Com esses dados, também foi possível verificar se esse número representa um padrão diferente daquele observado para toda a população brasileira. Será que a população em situação de rua morre proporcionalmente mais que o restante dos brasileiros?

Nesse tipo de comparação, os pesquisadores buscam equilibrar as diferenças na composição de sexo e idade dos dois grupos. Afinal, se uma população é proporcionalmente mais velha ou mais masculina que a outra, é esperado que apresente proporcionalmente mais mortes, por exemplo. Isso porque pessoas idosas e homens são grupos que morrem proporcionalmente mais que pessoas mais jovens e mulheres.

Para essa comparação, portanto, Natalino realizou cálculos que consideraram as diferenças na composição da população em situação de rua e da população brasileira em geral. Segundo o pesquisador, mesmo com essas considerações, a população em situação de rua teve uma taxa de mortalidade 348% maior que a população em geral. Isso significa que a população em situação de rua morre 4,5 vezes mais que a população em geral.

“Se numa população de mil pessoas, morrerem dez, numa população de mil pessoas em situação de rua, morreram 45”, compara Natalino.

Para o futuro, Natalino pretende cruzar esses registros com dados do Ministério da Saúde, a fim de verificar as causas de morte dessas 6.003 pessoas e identificar fatores associados a uma maior chance de morrer em situação de rua. “Será que as políticas sociais têm algum efeito [em diminuir a chance de morrer]? Quando conseguirmos comprovar isso, pelo menos calcular isso, nós teremos uma força maior [de reivindicação política]. Eu penso que seria o grande objetivo desse trabalho”, conclui.

(Abaixo vídeo da entrevista completa)


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