Cerca de 700 pessoas da Frente de Luta por Moradia (FLM) fizeram, por cinco dias, do Viaduto do Chá seu lar. O acampamento, feito na madrugada de segunda-feira (26/04), foi completo. Colchões, cobertores, uma cozinha e até um banheiro foi montado. Tudo isso para reivindicar aos governos municipal, estadual e federal condições dignas de habitação para a população de baixa renda. Para um dos coordenadores da FLM, Osmar Borges, a saída para o déficit habitacional e para os graves problemas de São Paulo não será encontrada apenas por um dos governos. “Sabemos que este esforço deve ser de todos os níveis”.
A maior parte dos acampados foram despejados da ocupação Alto Alegre, em São Mateus, em outubro do ano passado. Depois do despejo, as famílias foram morar na calçada em frente à antiga ocupação. Depois de receberem atendimento emergencial por quatro meses, as famílias voltaram a ficar sem nenhum tipo de atendimento. Fernanda Evangelista, 24 anos, ex-moradora do Alto Alegre, faz um desabafo. “A lei não funciona para pessoas de baixa renda, por este motivo saímos às ruas para mostrar que temos força e garra para reivindicar”.
Depois de negociações feitas com os três níveis de governo e com a Caixa Econômica Federal, as famílias deixaram o viaduto. Terão atendimento emergencial prorrogado. Além disso, saíram com a promessa de que a CDHU deve estudar a possibilidade de desapropriação do terreno, de 34 mil metros quadrados, que havia sido ocupado em São Mateus.
Se ocorrer a desapropriação, o Ministério das Cidades se comprometeu a entrar com o programa Minha Casa, Minha Vida para a construção das moradias. “Sabemos que este é apenas o início de um longo processo. A luta está apenas começando”, afirma Borges.
Ações
A ocupação do Viaduto do Chá fez parte de uma série de ocupações da FLM na madrugada da segunda-feira. Outros dois edifícios no centro da cidade foram ocupados, nas avenidas Prestes Maia e 9 de Julho, além de um terreno no bairro M’Boi Mirim, Zona Sul.
Segundo a coordenadora do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC), Ivanete Araújo, em apenas uma semana de ocupação na Prestes Maia, a coordenação da ocupação recebeu o pedido de cerca de 100 famílias que estão em situação de rua ou em condições precárias de moradia, como cortiços, para se juntar à ocupação. “Isso mostra que a quantidade de pessoas que não tem um lugar decente para morar é muito grande”, afirma Ivanete.
Edição N° 187 - Abril e Maio de 2010
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