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  • “Um lutador pela vida”

    Evaristo Gonçalves tem 62 anos, nasceu no Brás em São Paulo, casou-se aos 24 anos de idade, teve três filhas e permaneceu casado durante 17 anos. Morou também em Blumenau onde nasceu sua filha mais nova. Depois de altos e baixos profissionais, familiares e de saúde com uma passagem pela rua de um ano e meio, há dois anos voltou ao trabalho. Dessa vez numa empresa de motoboy (TUF), desde 2009, a convite do dono, Danilo Santana, um amigo que fez na Comunidade da Igreja São Miguel Arcanjo. Ao iniciarmos a conversa, senhor Evaristo, falou da separação de sua esposa no início da década de 1990, período em que ficou desgostoso porque não conseguiu superar um mal-entendido familiar e perdeu o emprego. “Não gosto nem mesmo de tocar nesse assunto porque diz respeito a pessoas que morreram e sinto-me constrangido”. Senhor Evaristo disse que nunca aceitou a forma como se passou essa a separação, mas alegou que este não foi o motivo que o levou para a rua. Depois da separação, outra decepção, a companheira com a qual vivia, fazia dois anos, o traiu. Ele saiu de casa deixando tudo. “Nessa época, também, minha mãe faleceu no Sul e quando vieram me avisar ela já tinha sido sepultada. Isso me chocou muito e foi a gota d´água. Não culpo ninguém, mas fiquei magoado. Muita coisa foi se juntando. Tive, ainda, problemas comerciais, e não tive cabeça para dar a volta por cima”. A principal atividade que desenvolveu na sua vida profissional foi a de cerealista. “Comecei a trabalhar com 13 anos, fui empresário, tive indústria de empacotamento de bacalhau. Fui o primeiro a bolar bacalhau sem pele e sem espinha empacotado a vácuo. Na realidade, descobri um filão e como empresário cheguei a montar vários outros negócios. Por volta de 1984, fui para Blumenau para gerenciar uma cadeia de supermercados com 31 lojas e permaneci durante três anos e meio”. Depois, senhor Evaristo andou de emprego a emprego, começou a beber de forma mais regular, não tinha estímulo de viver e a mágoa sempre o acompanhava. Por volta de 2004, foi para a rua, período em que teve uma espécie de AVC, que comprometeu os movimentos em quase 80% e foi atendido no Hospital Vergueiro. Lá, ficou quase dois meses, encontrou uma enfermeira dedicada que lhe informou sobre a “Toca de Assis” na Mooca. Assim, ficou durante dois anos morando com os missionários que cuidaram de sua saúde com os quais fez amizade, aprofundou sua fé religiosa porque já era um católico praticante. Desde quando esteve na rua e depois na Toca de Assis, costumava frequentar a Igreja São Miguel e participava das atividades da comunidade. Lá fez amigos muito importantes para ele, como padre Júlio Lancellotti e Danilo, que lhe ofereceu além do trabalho, um lugar para morar dentro da própria empresa. Senhor Evaristo falou dos amigos que encontrou na rua. “Conheci advogado, dentista, desenhista, um que tocava violão e todos tinham uma historia, são pessoas super inteligentes e com talento. Eu acredito que ninguém vai parar na rua por opção de vida”. “Devo muito ao Danilo que me deu força para eu me recuperar socialmente. Hoje estou com muita motivação para viver, tenho certeza que não vai passar deste ano o encontro com minha filha. Não adianta querer tudo, as coisas acontecem com o tempo. Sou um lutador pela vida com vontade de viver e poder ajudar o próximo”.   Edição N° 195 - Março de 2011

  • Buenos Aires aprova lei para população de rua

    Os portenhos terminaram o ano de 2010 com a conquista da lei para pessoas em situação de rua, aprovada por unanimidade no dia 13 de dezembro, após um ano de discussões entre ONGs, especialistas e vereadores da Comissão de Promoção Social da Câmara Municipal. Na Argentina, esta lei inaugura o primeiro marco legal para a proteção dos direitos das pessoas que dormem nas ruas e em albergues. A aprovação veio depois de um ano de militância e de um profundo processo participativo que contou com o apoio de diversas entidades sociais, técnicos, acadêmicos, pessoas em situação de rua, vereadores e da sociedade como um todo. Durante esse processo, a sociedade criou a “Rede na Rua” e organizou diversas manifestações, atos de protesto e discussões em diferentes meios de comunicação visando à aprovação da lei. A manifestação que teve maior visibilidade foi o cobertorzaço (frazadazo) , com a participação de, aproximadamente, 1500 pessoas revestidas de cobertores em passeata pelo centro da cidade. Elas protestavam por políticas municipais de atenção a essa população e pela imediata votação da lei. Dessa forma, a nova lei é uma conquista coletiva. Entre seus pontos mais fundamentais está a incorporação de pessoas que não dormem nas ruas ou albergues, mas que estão em situações de risco como presidiários e moradores de habitações muito vulneráveis como os cortiços. Embora tenha havido alterações em vários artigos do projeto de lei apresentado em dezembro de 2009, de acordo com Horacio Ávila, membro da ONG Proyeto 7, a lei aprovada "não perdeu o significado original dos princípios que fundamentaram o projeto". O projeto de lei foi elaborado conjuntamente entre vereadores e assessores do partido Proyecto Sur, a ONG Proyecto 7 e acadêmicos. O Movimento Nacional da População de Rua e a Rede Rua sediados no Brasil assessoraram a elaboração do projeto. Agora vem a tarefa mais difícil que é conseguir que essa lei seja regulamentada e cumprida. *Paula Rosa, socióloga, é colaboradora do O Trecheiro.

  • “Brás: mais uma Casa de Convivência”

    “Uma grande festa marca a inauguração (1992), neste dia 20 de março, da nova Casa de Convivência do Brás. A casa foi construída em 8 meses pela Prefeitura de São Paulo. Vai estar sob a responsabilidade do Centro Social do Parque Fernanda (hoje Associação Rede Rua). O horário de funcionamento é de 2ª a 6ª feira, das 9h30 às 17 horas. Ali não será servido o sopão. Futuramente, a equipe pretende distribuir a sopa diretamente na rua”. ( O Trecheiro , Ano 2, nº 8, março/1992). Esta matéria de capa aponta que a finalidade principal deste serviço é, segundo Lenir Albuquerque, coordenadora da casa, um “local de passagem e de organização do povo da rua a partir de suas diferenças”.                 Assim, há 20 anos, já se falava de um perfil heterogêneo, de diferenças entre as pessoas em situação de rua, do uso provisório dos serviços e de suas condições de organização. A bem da verdade, há mais ou menos 30 anos, as Missões – manifestações de rua organizadas pela OAF-SP (de 1979 a 1991) estimulavam a participação e mobilização de pessoas em situação de rua como possibilidades de saídas e de superação da dura realidade das ruas e mostravam que o “povo da rua” tinha condições de se organizar.     Essa casa de convivência, a primeira construída pelo poder público municipal, ficou conhecida como Casa da Erundina e funcionou até março de 2000. Permaneceu fechada por um bom tempo, foi ocupada por movimento de moradia e reaberta no final do governo de Marta Suplicy (2001- 2004) não mais como casa de convivência, mas como bagageiro e continua com esta destinação até hoje.   Edição N° 195 - Março de 2011

  • Liberdade ao Gegê!

    Nos dias 4 e 5 de abril, o líder do Movimento de Moradia do Centro (MMC), Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, deve ir a júri popular. O julgamento estava marcado para 16 e 17 de setembro de 2010, mas não se concretizou. Representante do Ministério Público de São Paulo, responsável pela acusação, no próprio dia se recusou a realizar o julgamento, justificando que desconhecia o conteúdo de todas as provas apresentadas pela defesa. Tal posição foi aceita pela juíza e a data foi remarcada para abril. A não realização do Tribunal do Júri naquele momento pôde se reverter em uma conquista importante. Como contrapartida ao adiamento do julgamento, a juíza deferiu o pedido da defesa e colocou fim à ordem de prisão expedida contra o líder, em vigor até aquele momento. A experiência vivida por Gegê, que se inicia nas primeiras investigações de um crime do qual é injustamente acusado, reforça algumas lições. Uma delas é o uso do aparato policial e judicial por parte de forças conservadoras para desarticular movimentos populares reivindicatórios de direitos. Neste sentido, o uso político do direito é evidente. Diante deste cenário, a mobilização para o próximo julgamento é de vital importância, não para a resolução de um caso pessoal isolado, mas pelo contrário, para o fortalecimento das lutas populares. Para tanto é preciso evitar o avanço do conservadorismo, que hoje criminaliza as lutadoras e lutadores do povo, criminalizando a própria luta.   Fatos No dia 18/08/2002 ocorreu um homicídio em um dos acampamentos (Vila Carioca) do Movimento de Moradia no Centro de São Paulo (MMC), filiado à Central de Movimentos Populares (CMP). De tudo o que foi apurado, tem-se notícia de que a discórdia surgida entre o autor do crime – ainda não procurado e investigado – e a vítima surgiu pouco antes do fatídico acontecimento, no qual a vítima (que residia no acampamento) teria ofendido o autor do crime (visitante e não residente no acampamento), que para vingar-se das ofensas sofridas, acabou por tirar-lhe a vida. Vale esclarecer que ambos não participavam da organização do acampamento e eram estranhos à luta do movimento de moradia do Centro. Este conflito nada teve a ver com as reivindicações do MMC e a dinâmica interna do acampamento, mas foi aproveitado para incriminar e afastar do local a organização deste movimento e o apoio às famílias acampadas. Gegê participou diretamente da negociação para que as famílias despejadas pudessem ter moradia digna. Enquanto ela não viesse, as famílias se manteriam acampadas e organizadas, como em qualquer outra ocupação. Conhecido por sua combatividade e luta não só no centro de São Paulo, mas em todo o Brasil, ele sofreu diversas ameaças pessoais. A própria vida de Gegê era constantemente alvo de ameaças. Dois anos depois do crime, Gegê foi preso por mais de 50 dias. Após ser solto, em decisão de Habeas Corpus, sofreu uma prolongada situação de instabilidade e insegurança, na qual diversos pedidos de liberdade eram concedidos para, momentos depois, serem repentinamente revogados. Tanto nos autos do inquérito policial instaurado no 17º Distrito Policial, no Ipiranga, quanto nos autos do processo penal em andamento, o autor do homicídio (já conhecido e identificado) nunca foi investigado, preso ou procurado. O inquérito policial acabou sendo maculado por manipulações e falsos testemunhos por parte dos que intencionavam incriminar Gegê.   * Comitê Lutar Não é Crime, coletivo que luta pelo fim da criminalização dos movimentos sociais e populares da cidade e do campo.   Edição N° 195 - Março de 2011

  • Esforço e criatividade transformam pessoas e o bairro da Bela Vista

    No início de 2005, organizações sociais e dos setores público e privado, lideranças e pessoas comprometidas com os problemas do bairro criaram a “Rede Social Bela Vista” com o objetivo de sensibilizar seus moradores para desenvolvimento do bairro. Para isso, empreenderam ações socioambientais e trabalhos nas áreas da saúde, educação, assistência social e políticas públicas. No período mais recente (final de 2009), a Comunidade Evangélica do Bixiga (Comebi) apresentou o “Projeto Bela Vista Verde” para reativação do “Recanto do Pedrinho”, espaço verde municipal fechado há quase 12 anos. Atividades e esforços foram empreendidos focados no plantio de árvores em várias ruas do bairro e na “transformação de praças, ruas, condomínios e comércio da região para serem modelos de vida saudável, de solidariedade social e de desenvolvimento ambiental”, conforme Projeto. A Sub-Prefeitura da Sé e a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente foram chamados a compartilhar o trabalho de arborização, educação ambiental e formação de agentes mobilizadores. Daniel Checchio, pastor da Comebi e um dos idealizadores do “Projeto Bela Vista Verde”, destaca a importância da conquista do Recanto do Pedrinho, para os moradores do bairro. “Aqui são realizados grupos de geração de renda; de artesanato; encontro de idosos; palestras da UBS sobre doenças; horta; realização de festas juninas e natais do bairro. É um local de encontro entre os diferentes grupos do bairro”. Sandra Nascimento, agente de promoção ambiental da UBS Nossa Senhora do Brasil falou sobre “o Plantando Saúde, plantio de plantas medicinais, que ocorre às sextas-feiras das 9 às 12 horas, projeto hoje frequentado muito mais por pessoas em situação de rua. Quando crescem as mudas, estas são distribuídas aos moradores do bairro dentro da idéia de saúde ambiental. Outro Projeto é a “Fábrica Verde”, formação teórico-prática de jardinagem e paisagismo com a finalidade de colocação no mercado de trabalho”, explicou Sandra. Carlos Henrique Barata Ramos e Aldo Tavares da Silva, participantes do Plantando Saúde disseram da transformação que vem ocorrendo em suas vidas. “Com este projeto parei de beber e de fumar. Não tenho mais vontade de fazer o que fazia, aqui tenho novas amizades e estou terminando o ensino médio”, disse Carlos Henrique. “Estou plantando saúde para me capacitar para mercado de trabalho e conheci várias pessoas boas e tudo isso é muito importante porque vai me dar uma ajuda”, argumentou Aldo. Assim, dois sonhos se aproximaram, o de Monteiro Lobato, que já na década de 1930 apontava a importância da relação entre o homem e a natureza e a utilização do “Recanto do Pedrinho” por todos do bairro, hoje sede do “Projeto Bela Vista Verde”.   A Sub-Prefeitura da Sé marcou uma reunião para o dia 21 de março para avançar os trabalhos. Os integrantes do Bela Vista Verde consideram importante atividades de multiuso no Recanto do Pedrinho para atender os diversos interesses dos moradores do bairro. Edição N° 195 - Março de 2011

  • Terremoto, tsunami e vazamento nuclear

    Parte I - Os refugiados econômicos de Nagoya, Japão O terremoto de 11 de março no Japão, seguido de tsunami e vazamento nuclear colocaram o Japão em evidência na imprensa mundial. Vivi os efeitos dos abalos sísmicos no centro da cidade Nagoya (700 km do epicentro). Naquela tarde, eu andava pelas ruas da cidade e me contagiava pelo verde e amarelo das bandeiras que encontrava pelo caminho quando tive uma sensação de vertigem durante trinta segundos. Procurei um local onde pudesse me apoiar e “esperar que a tonteira passasse”. Após alguns minutos entrei em uma das lojas de produtos eletrônicos. Ao assistir o canal de TV que transmitia a tragédia ao vivo pude compreender o que acontecera comigo. Viver em uma ilha cercada de água por todos os lados; correr riscos de ocupação por inimigos; estar ameaçada por catástrofes naturais; ter vivido a tragédia como Hiroshima e Nagasaki são fatores que fi zeram com que o Japão se tornasse a segunda economia mundial. “O povo japonês é como águia. Quando pensa estar sem asas para alçar vôo, consegue realizar um vôo mais alto ainda. Por ser disciplinado e organizado consegue superar diferentes situações”, explica Anselmo de Melo, missionário brasileiro há sete anos no país.   O projeto Como país desenvolvido, o Japão, no entanto, não consegue esconder a contradição intrínseca do sistema capitalista, a exclusão de grande parte da população das benesses do mercado. Nagoya, uma cidade com 2.215.000 habitantes, conta com, aproximadamente, 1.300 pessoas em situação de rua. O padre Takea Motoi, missionário da Congregação do Verbo Divino é um dos fundadores do projeto Sasashima Kyousei-kai. Ele explica que Sasashima é o nome do bairro e a palavra Kyousei-kai significa “viver juntos”. O projeto consiste em defender os direitos dos moradores de rua, resgatálos das ruas e dar suporte para a sua inserção social.   Sopa na rua Ao lado da catedral de Nagoya, um grupo voluntário de 10 pessoas prepara a sopa, que tem apoio da Second Harvest Nagoya, uma espécie de Banco de Alimentos que os recolhe e redistribui às organizações sociais. Às 18h30, três carros deixam o local. Os termômetros marcam cinco graus. Representantes da ONG chegam e se instalam no local e, em poucos minutos, um grupo assiste aos vídeos ali disponíveis. Outro entra na fi la para um jogo de sorte que oferece uma barra de chocolate ao vencedor. Em outra barraca, as pessoas cantam “karaokê”. Num outro canto, profissionais da saúde atendem aos doentes. Após duas horas de convivência, o jantar é servido com os tradicionais “hashis” (palitinhos japoneses).   Realidade da rua Edílson Shinozaki, nissei conhecido por Dinho, nascido no bairro da Liberdade em São Paulo e há 10 anos no Japão, foi nosso guia. Ele nos explica que “a maioria das pessoas em situação de rua em Nagoya são homens com mais de 50 anos e cerca de 20% têm menos de 50 anos. Não há informações sobre crianças e adolescentes. Uma boa parte tem família em situação econômica razoável. Apesar disso, não recorrem a ela. Eles são ignorados pela maior parte da sociedade e pelos órgãos públicos”. Para Takea Motoi, a razão da existência dos moradores de rua é econômica: “A sociedade japonesa precisa de gente nestas condições para manter em funcionamento a sua estrutura econômica. Os contratos de trabalho são muito vulneráveis. Entre eles estão os de mulheres que fogem da violência doméstica e de pessoas com deficiências”, acrescenta. Talvez por isso, Matsumoto os defina como “refugiados econômicos”. Em nossa visita pelo centro de Nagoya, uma senhora que não quis se identificar, nos explicou que ela e o esposo são líderes de um movimento organizado e coordenado pelas pessoas em situação de rua em defesa dos seus direitos. “Foi o único modo de sermos atendidos e estabelecer um canal de diálogo com as autoridades”, ressaltou a senhora. A matéria completa pode ser encontrada no site da Rede Rua ( www.rederua.com.br ). No próximo número, publicaremos uma entrevista com o senhor Matsumoto Hiroshi.    Edição N° 196 - Abril de 2011

  • Um recomeço em sua vida

    Pedro Silvério da Silva tem 52 anos e nasceu no Sítio Colombina, na Boca da Mata em Alagoas. Veio para São Paulo com cinco anos de idade. Quando criança foi coroinha na Igreja Santa Rita de Cássia dirigida pelo padre Maciel e tem boas lembranças dessa época. Na juventude, iniciou um período em que roubava motéis, fábricas, mercados, mas não gostava de roubar dos pobres. Por causa disso, ficou preso no Carandiru, em 1979, quando tinha 20 anos. Como vivia-se, ainda, período da Ditadura Militar, Pedro conheceu a “pendura”, um instrumento de tortura utilizado para que os prisioneiros entregassem seus parceiros. Pedro nunca entregou ninguém, pois sabia que os delatores morreriam na prisão. Durante todo o período em que esteve preso contou com visitas e apoio da família, especialmente de sua mãe. No início ficou muito revoltado com o que aconteceu, não rezava, não tinha fé e nem esperança. Após muitas mudanças de presídio e experiências difíceis, começou a mudar sua postura, avançou na escolaridade, fez cursos como pintura de paredes, marcenaria, dentre outros, e trabalhou nas tarefas de faxina do presídio. Além disso, passou a fazer poesia e buscou aproximar-se da religião. Uma importante lembrança do presídio é a de um quadro que comprou de outro detento por cinco maços de cigarros. “Um rapaz chamado Nenê fez uma obra de arte e eu a coloquei em minha cela. Sentia que o significado da obra era de grande valor, mas sua fama era de que estava preso”. Pedro saiu da cadeia há quatro anos e “graças a Deus e com uma promessa muito grande que fiz para Nossa Senhora, de fazer um manto do tamanho dela. E prometi à minha mãe que nunca mais voltaria ao crime. É uma forma de agradar a mim mesmo e à minha família”, comentou. O problema principal que Pedro enfrenta é que após esses anos em liberdade ainda não conseguiu ajeitar sua vida. Como não consegue trabalho e não quer voltar para a casa da mãe, a saída tem sido morar nas ruas ou em albergues. Pedro observou que não consegue se adaptar as regras rígidas dos albergues, onde as pessoas são tratadas como crianças, mas morar na rua também não tem sido fácil. De inicio, viveu em malocas, mas apanhou e concluiu que não dá para ter amigos nessas condições. Pedro frequenta o Refeitório Comunitário do Povo da Rua (Rua Penaforte Mendes, 56), mas sai durante o dia para ganhar algum dinheiro na jardinagem, varreção das ruas, ou levar sacolas pesadas próximo ao Mercado Municipal no Parque Dom Pedro. “Isso já é alguma coisa. Com as pessoas paradas não vai acontecer nada mesmo”. Por mais dificuldades que esteja passando, Pedro considera que aprendeu muita coisa com tudo que viveu. Para Pedro, Deus dá o livre arbítrio aos homens. “As vezes, a gente desvia do caminho que Ele nos colocou, mas esse desvio é a gente que faz”. Toda religião “tem sua forma, mas todas falam dos ensinamentos de Deus e ensinar os caminhos para chegar até Ele, é o mais difícil. E o caminho para chegar a Deus é ter consciência de que ele é o amor. Ele só quer alguém ao lado dele se praticar o bem e quer todos como irmãos e como parceiros do dia a dia”. Pedro entende que as pessoas ficam em situação de rua por várias razões: “drogas, pinga, desquilíbrio familiar, saída de presídio e, também, por falta de trabalho, mas todos na rua têm a possibilidade de encontrar um caminho”. Pedro está muito feliz, atualmente, com uma oportunidade inesperada de trabalhar como vendedor da revista OCAS´ e considera que este trabalho será muito importante na sua busca de um caminho.   Edição N° 197 - Maio de 2011

  • Memória e indignação

    Um ano após a execução de seis pessoas embaixo do Viaduto Jaçanã, próximo à Praça Santos Dumont, em Guarulhos, o crime é, ainda, um grande mistério. O processo continua com o Delegado de Polícia do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para juntar provas. Dra. Michael Nolan, advogada e conselheira do Condepe que acompanha os processos do Massacre de 2004, das seis mortes do Jaçanã e das mortes dos catadores de material reciclável do Brás, afirmou que já se sabe quem são os autores do crime do Jaçanã, mas ainda faltam provas. “O inquérito que investiga a morte dos seis, infelizmente é, apenas, um inquérito porque ainda faltam provas”, afirmou ela. Ainda segundo a advogada, estão aguardando a resposta das empresas telefônicas porque foi pedido a quebra de sigilo telefônico das pessoas suspeitas. Para a Dra. Michael, é importante que quem saiba algo colabore com a investigação. “As pessoas não precisam se identificar é só nos procurar por meio deste jornal”, lembrou Michael. Para fazer memória e cobrar uma solução dessa barbárie e dos outros massacres, várias organizações sociais, como o Fórum Permanente de Acompanhamento de Políticas Públicas de São Paulo, a Prefeitura de Guarulhos, a Associação São Geraldo, a Conferência dos Religiosos de São Paulo, a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo e outras reuniram-se no local do massacre. “Vamos iniciar este momento que é de oração, é de memória, é de indignação porque há um ano estávamos aqui também para protestar contra a morte dos seis companheiros que foram executados aqui”, lembrou padre Júlio Lancellotti.   Depoimentos  “Algumas fotografias mostram que alguns ainda estavam dormindo e não tiveram nenhuma possibilidade de se defender. O que torna esse massacre do Jaçanã um grande ato de covardia, de vingança e de extermínio”, lembra padre Júlio. Para René, coordenador do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, afirmou que “cabe a nós tomar uma atitude, dar um basta e criar uma consciência que esta situação não pode acontecer mais”. Já para irmã Alberta Girardi, Fotos: Alderon Costa/Rede Rua da Comissão Pastoral da Terra de São Paulo, o problema é social. “Tem tanta gente que pensa que a pessoa em situação de rua é vagabunda e não pensa que ela é vítima do progresso, do qual não consegue acompanhar”, declarou irmã Alberta. Para Maria Nazareth Cupertino, membro do Fórum de Assistência Social e coordenadora do Centro de Acolhida Pousada da Esperança, em Santo Amaro, denunciou a violência da Polícia Militar com as pessoas em situação de rua. ”Há umas três semanas atrás a polícia bateu numa pessoa com deficiência mental na frente do albergue”, declarou ela. Foi feito boletim de ocorrência e estão aguardando o relatório de corpo de delito, segundo Nazareth. Ao final do ato, Eduardo Ferreira de Paulo, representante da Comissão Nacional do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), lembrou que a violência tem suas raízes também na falta de políticas públicas. “Isto acontece porque faltam projetos e políticas públicas e que a apuração seja feita com rigor, pois isto é um absurdo e não pode virar moda e ficar impune matar moradores de rua e catadores de material reciclável”, declarou Ferreira. Durante a celebração, foram colocadas velas e todos que foram executados em Guarulhos foram lembrados: Manoel do Nascimento Batista Cerqueira Junior, Reinaldo Rodrigues Ananias, Leandro Jesus de Oliveira, Adriano de Jesus, Daniel Barbosa de Oliveira, Vítima não identificada: cor parda, 1,70m, 25 a 30 anos. Edição N° 197 - Maio de 2011

  • Do outro lado, um povo sem paz

    Parte II – Um testemunho de vida Matsumoto Hiroshi, da Associação Sasashima Kyousei-kai é uma das pessoas admiráveis de Nagoya. Nascido em 1947, período em que o Japão vivia na pobreza do pós-guerra. Em razão de tuberculose sofrida pela mãe ele foi internado, durante seis anos, no Lar Santa Elizabeth, instituição que acolhia crianças abandonadas que nasceram da relação de soldados americanos com japonesas durante a guerra. Quando iniciou a Guerra do Vietnã, em 1969, ele entrou na universidade em Tokyo. Nessa época, um amigo alistou-se no exército americano, foi para o Vietnã e morreu. Este acontecimento, as experiências do pósguerra e o orfanato o fizeram pensar em paz. A experiência de ser filho de um pastor anglicano o fez deixar a universidade, tornar- se religioso e trabalhar em prol da paz. “Paz e guerra são antônimos, mas não é a este tipo de paz que me refiro. Os pobres não vivem uma situação de guerra, mas vivem constantemente a não paz”, explica. Por carência de vocações, a sua congregação faliu e ele decidiu se mudar para Nagoya em 1975. Causou-lhe um grande impacto saber pelos jornais que onze moradores de rua haviam morrido naquele ano devido à fome e ao frio. Este episódio fez com que se juntasse a outras pessoas e criassem a ONG Sasashima Kyosei-kai. Matsumoto faz uma distinção entre sem casa e sem lar. “Muitos brasileiros vieram ao Japão, deram lucro às fábricas e ficaram desempregados. Eles não perderam a moradia, mas não tinham o que comer. Tinham casa, mas não tinham lar. Ainda que percam suas casas se voltarem ao Brasil provavelmente encontrem um lar, mas os japoneses que enfrentaram esta mesma crise perderam tudo e não têm para onde ir. Alguns têm até família, mas sofrem impedimentos para esse retorno ao lar”. Matsumoto mostra a arquitetura de pedras que pode ser vista sob os viadutos para impedir que as pessoas de rua durmam nesses locais. Na luta pela garantia do direito do morador de rua se instalar em locais públicos da cidade, ele e dois companheiros foram presos pela polícia. Em seguida, algumas idéias de Matsumoto Hiroshi sobre a realidade de rua em Nagoya.   As causas da situação de rua no Japão “O morador de rua japonês é consequência da modernidade. A sociedade é egoísta, consumista e fechada em si mesma. Estamos perdendo os valores familiares. Ele é vítima da pro- dução em massa, da busca por mão de obra barata e imediata. São usados e depois descartados. São refugiados econômicos. Os políticos defendem que se a pessoa batalhar consegue o mínimo para sobreviver e alcança a felicidade sozinha. A escola ensina que se você se esforçar e estudar bastante você consegue. A responsabilidade e só da criança, só da pessoa. Não há uma responsabilidade coletiva. Muitos, quando adultos, ao verem que não conseguiram se responsabilizar por si, consideram-se vítimas de si mesmo e não da sociedade. Este grande sofrimento joga muitas pessoas nas ruas”.   Oferecer um ambiente familiar “A cultura tradicional nos apresenta a imagem do samurai com o palito de dente na boca como se tivesse acabado de comer uma refeição. Mesmo que ele esteja morrendo de fome ele tem que manter a aparência de que está bem. Ainda que a família dele esteja passando fome ele não pode demonstrar fraqueza. Outro aspecto é a ligação da pessoa com o vilarejo de onde saiu. Se sair do vilarejo para outra cidade em busca de trabalho e fracassar ela não consegue voltar por vergonha. Os vizinhos poderiam dizer que ele não deu certo, que é imprestável. Essa mentalidade faz com que muitos se suicidem. O nosso desafio é trabalhar para que nos tornemos a família desses moradores de rua, oferecer um ambiente familiar para que ele possa se levantar e andar de novo e saiba que contará sempre com apoio para vencer”.   O morador de rua prima pela solidariedade “Eles são muito solidários, preocupados uns com os outros. A sociedade japonesa vive essa disputa de quem tem mais, quem chega mais rápido ao topo. Nessa sociedade, o morador de rua prima pela solidariedade, pelo lado bom. Eles podem não ter a capacidade intelectual dos que ganham dinheiro, mas possuem uma capacidade enorme de se ajudar, de cuidar um do outro”.   Edição N° 197 - Maio de 2011

  • Empresas atrasam e catadores continuam nas ruas

    Os catadores de materiais recicláveis da cidade de São Paulo continuam na luta pela ampliação do programa de coleta seletiva municipal. No dia 4 de maio, participaram de audiência pública promovida pela Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal para cobrar a construção de novos galpões e inclusão de mais catadores no programa. A catadora Luzia Honorato, representante do Comitê de Catadores, esteve presente e reivindicou maior agilidade na construção dos galpões previstos no contrato de prestação de serviços das concessionárias. Estas têm que construir 17 novas centrais de triagem em um prazo estabelecido de quatro anos. Os representantes das empresas declararam aos presentes que como o contrato foi modificado pela Prefeitura a exigência para construir os galpões foi postergada. “Dinheiro para construir nós temos, mas o contrato não prevê que isso tenha que ser feito agora”, declarou Luiz Gonzaga, representante da Logística Ambiental de São Paulo (Loga), uma das duas concessionárias responsáveis pela coleta do lixo no município de São Paulo. Segundo foi informado na audiência, as concessionárias são obrigadas a construir os novos galpões apenas a partir de 2012. A Loga, por contrato, tem que construir cinco novos galpões até 2014. Já a Ecourbis, outra concessionária que recolhe o lixo da cidade deve construir 12 novos galpões, mas seu prazo é até 2014. “Sinceramente, saí de lá decepcionada. A audiência não deu em nada. A opção que temos agora é reativar o Conselho Gestor do programa de coleta seletiva para pressionar por providências do Executivo”, avaliou Luzia. “Denunciamos a falta de comprometimento da Limpurb, pois existem recursos federais e do crédito de carbono para a construção de mais galpões, mas que estão parados desde 2007”, completa. Os catadores denunciam também a grande burocratização para incluir mais cooperativas no programa de coleta seletiva. Edição N° 107 - Maio de 2011

  • A rua, a terceira idade, a rádio e o amor

    A Rua Nicodemos Rocha, 61 anos, nasceu em Lins (SP), casou-se, teve filhos, mas um dia resolveu deixar a família e ganhou as ruas da capital paulista. Na cidade grande, seu Nico, como é conhecido, trabalhou durante 30 anos como carpinteiro. O dinheiro gastou com mulheres, drogas e bebidas. Aos poucos, viu a idade chegar e as forças irem embora. As ruas do bairro de Santana foram deixadas para trás, os amigos também. Seu Nicodemos foi morar em albergues. Um assistente social do Boracéia o encaminhou para tratamento porque era preciso ficar longe do álcool. Depois foi para o Hotel Social Franciscano. Para quem está longe de casa, ou para quem não tem casa, o que resta é a rua ou perambular de albergue em albergue, sem rumo, sem destino, sem amanhã.   A terceira idade Sônia de Campos casou-se em 1954, aos 16 anos de idade, teve quatro filhos e cinco netos e hoje, aos 74 anos vive em um espaço de convivência para idosos, por falta de dinheiro para as despesas da casa. Dona Sônia fala bem, é articulada, senhora educada. Conta que teve uma infância tranquila ao lado da mãe. Casou-se cedo e foi feliz no casamento, mas as noras não a querem por perto. O custo de vida na cidade é alto, o salário-mínimo de aposentadoria não é suficiente para pagar as despesas. Por isso, há sete meses, procurou o Espaço Aberto de Convivência para morar. “Aqui tenho amigos, encontrei carinho, não me sinto sozinha”, afirma dona Sônia. Este espaço tem 60 vagas para idosos, 56 estão preenchidas e sete ocupadas por mulheres. Segundo Cecília Apostolopoulos, coordenadora, a organização social aposta no carinho e no respeito, nas pequenas coisas do dia-a-dia, como, por exemplo, chamá-los pelos nomes. Pequenos detalhes que fazem com que eles se sintam novamente pessoas, olhem o mundo com outros olhos.   A rádio Em janeiro deste ano, por ocasião do aniversário de São Paulo, a Rádio Tupi FM 104,1 fez a promoção “104 ouvintes em Aparecida do Norte”. Seu Nicodemos pediu para ao educador Valter que o cadastrasse na promoção. Nas ondas do destino, seu Nicodemos foi sorteado. Dona Sônia, que estava perto disse que tinha vontade de conhecer Aparecida do Norte. Bem, imaginem quem acompanhou seu Nico na viagem?   O amor A viagem juntos a Aparecida do Norte despertou uma amizade profunda entre os dois, tão profunda a ponto de decidirem morar juntos. No dia 5 de fevereiro de 2011, o Espaço Aberto fez uma festa para comemorar a decisão de dona Sônia e seu Nicomedes. A noiva teve direito a vestido com véu e grinalda, e os noivos, bolo, champanhe e flores. Os conviventes compraram muitos presentes. Valter, o educador, caprichou na música, tocou violão como nunca. Dona Sônia, aos 74 anos de idade, bela e feminina, foi maquiada com carinho e esmero pelas moças que cuidam da casa no dia a dia. Foi visível o nervosismo de seu Nico. Há décadas ele não sabe o que é ter uma família, um lar só seu. Após o casamento, partiram para Aguaí, cidade em que alugaram uma casa. Estão animados e vão dividir as despesas. “Quero cuidar dele e que ele cuide mim, juntos vamos ter uma vida feliz”, disse dona Sônia. Para seu Nicodemos, a terceira idade foi o momento de encontro com a felicidade trazida pela maturidade. Edição N° 198 - Junho de 2011

  • Cadeiões “abrigam” moradores de rua

    Nos anos recentes, temos notado uma progressiva alteração no perfil da população prisional nos centros de detenção provisória da Capital. Aos já acusados de crimes com violência, foi adicionada uma parcela da população sem histórico de violência e com saúde bastante debilitada vinda, principalmente, do centro de São Paulo. Em 2010, o levantamento apontou pessoas em situação de rua com prática de pequenos furtos ou em virtude do porte de entorpecentes, especialmente crack sem o uso de armas. A maioria alega ter sofrido agressão durante a abordagem policial, particularmente, por parte da Guarda Civil Metropolitana. Solução fácil e barata para superar o déficit habitacional, os centros de detenção provisória (CDPs) são os antigos cadeiões da Segurança Pública, com capacidade para apenas 520 presos, mas abrigam até 1.700. Essa parece ser, sem dúvida, a forma escolhida pelo governo paulista para gerir questões ligadas à população de rua, ou seja, de forma autoritária e agressiva, segregando-a da população em geral e, assim, mantê-la distante dos olhos do público. Com efeito, perda da liberdade e criminalização do povo de rua têm sido o caminho encontrado pelo governo paulista para retirar do Centro as minorias, consideradas, indesejáveis. A população de rua que outrora foi vista como expressão do descaso e da falta de compromisso do Estado, hoje, é representada como inimiga pública, como grupo que oferece risco para a sociedade, como perturbadora da ordem e da paz social. Por isso, demanda ser reprimida e deslocada para um local distante e invisível aos nossos olhos. Nos últimos anos, a população prisional tem alterado o seu perfil. Em 2005, o furto representava menos de 10%, em 2010, subiu para quase 20%. O caso do tráfico é mais grave, pois passou de 10%, em 2005, para 25% em 2010. (Fonte: Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça (Depen). Em outras palavras, a preferência da Justiça Criminal hoje está voltada para dependentes químicos que praticam pequenos furtos e roubos para alimentar sua dependência. São pessoas não violentas, com estado de saúde debilitado, sem habitação, sem escola e sem emprego, para a qual o governo deveria investir, mas preferiu etiquetá-la como criminosa e escondêla da sociedade nas unidades prisionais imundas de Pinheiros. Hoje são as “minorias indesejadas” os destinatários das políticas repressivas do governo estadual, amanhã serão todos aqueles que, de alguma forma, representem risco ao bom funcionamento do sistema. Urge reverter esse quadro!   Edição N° 198 - Junho de 2011

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